top of page

Democracia

Democracia

Fabio Bola

Brasil

2024

Videoarte

Curta-Metragem

Democracia

Bruno Latour (2004, p.12) no livro “Políticas da natureza” indica uma ecologia política entregue a sua própria sorte. Ela tenta trazer a natureza para a vida pública, mas muitas vezes não consegue atingir seus intentos com as limitações impostas pelas políticas vigentes. A faixa “Democracia” de Suely Farhi, Adriana Maciel e Martha Niklaus se aproxima de tal ecologia, ao apresentar uma arte política da natureza, com a possibilidade de sua preservação contra degradações humanas. Funciona como meio de conscientização capaz de mobilizar a todos.
Traz uma abertura para participações de outros artistas em sua fase inicial com a costura e a impressão de mensagens através de stencils na superfície do tecido – com frases como “vai ter cota”, “vai ter luta” e “meu cú é laico” –, que possibilitam sua atualização constante em acordo com contextos específicos em que se insere.
Com o trabalho costurado e coeso, temos sua utilização em performances que sublinham uma atitude política coletiva, com a condução de seus limites e de sua distensão na horizontal – porém sempre ondulante –, com a palavra “democracia” em evidência. Tal ondulação talvez seja um sinal do caráter instável do termo, que ganhou leituras e pesos distintos ao longo do tempo, ou indica que para negros, índios e mulheres jamais houve democracia no Brasil, como aponta Lélia Gonzales (2020, p. 218) em “Por um feminismo afro-latino-americano”.
A distensão estética da obra de Farhi, Maciel e Niklaus parece ecoar na postura em palco de artistas como Chico Buarque e Gilberto Gil, que também herdaram das experiências tropicalistas, conforme mostra a historiadora Priscila Gomes Correa (2012, p. 203), “a ebulição que as performances podiam provocar”, com entusiasmo e a transmutação da arte em comportamento.
Em dupla via, em “Democracia”, o comportamento se transmuta em arte durante o cortejo que leva a faixa até seu ponto final de re-enrolamento, com clamores dos condutores participantes por “demarcação já” ou “democracia já”; ou de uma arte que chama pela participação com vãos entre as costuras, permitindo mergulhos e despontamentos para um nível acima da superfície do tecido com saltos.
Temos então uma tensão e distensão estética-política como ocorre na relação com o documentário apontada por Philipi Bandeira (2017, p. 26), porém aqui com a articulação do engajamento criativo da vanguarda com a passeata como gênero de manifestação estabelecida.
Essa distensão também está presente na paleta de cores utilizada, azul, amarelo, abóbora, verde no extremo e preto nas grandes letras da palavra democracia. As cores da bandeira do Brasil são alternadas com o vermelho do fogo dos remendos tão presente na atualidade. O verde é colocado à deriva.
Para além dos interesses políticos no amarelo do ouro, no vermelho da carne e no prata do mercúrio, faz-se necessário aproximar a natureza – com todas as suas cores – da sociedade, nos afastando de um “estado de natureza” do homem para nos aproximar de uma ecologia política que dê certo.

Fabio Mourilhe[1]

Referencial bibliográfico:

BANDEIRA, Philipi Emmanuel Lustosa. Documentário radical ou a ficção como colaboração: Invenção, disjunção e cinema compartilhado. Devir e cosmovisão em As Hipermulheres. Dissertação de mestrado. Centro de Artes e Comunicação, Departamento de Comunicação Social, Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2017).

CORREA, Priscila Gomes. Caetano Veloso: só um jeito de corpo e um projeto Brasil. In: Arte para a nação brasileira. Manuel Domingos Neto (org.). Ceará: Universidade Estadual do Ceará, 2012.

GONZALES, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

LATOUR, Bruno. Políticas da natureza: como fazer ciência na democracia. Bauru: EDUSC, 2004.

INFORMAÇÕES GERAIS

Seleção Oficial

9° Festival ECRÃ

Data e Hora

CCBB
MAM

Foyer Cinema II
Cinemateca do MAM

11-13/07/2025
24-27/07/2025

16h-20h

Duração (min.)

3

Estreia

Première Mundial no ECRÃ

Classificação Indicativa

L / Free for all audiences / Livre Para Todos Os Públicos

Conteúdos

colorido, luzes piscantes, político

Fabio Bola

Fabio Bola tem doutorado em arte pela UERJ, pós-doutorado em arte pela UFRJ, mestrado em design pela PUC-Rio e graduação em web design. Também tem doutorado e formação em filosofia (UFRJ e UERJ). Vem desenvolvendo um trabalho diversificado, que inclui o audiovisual. Veja diversos projetos no Behance: https://www.behance.net/magneticstudiobr

- Desde 2024, vem realizando novas produções e curadorias diversas em arte, videoarte e artes integradas, em exposições como “Aion”, “Paisagens artificiais”, “Nanovideo antropozoide”, “O que faço é música”, “Transbólide”, “Natureza artificial”, “Desenho cego”, “Natureza” etc. com Fernando Gerheim, Alex Hamburger e Franklin Cassaro. Ganhou prêmio de melhor videoarte por “Aion”, através de escolha do público no MFL 2024, com exibições no CCBB RJ, SP e Brasília e Estação Net Botafogo RJ. Foi selecionado em edital para a exposição “Aion” na Piccola Arena em Petrópolis em 2025 com Alex Hamburger e Tchello d’Barros. Teve dois videoartes, “Burn” e “Caranguejo Robô” (com Franklin Cassaro) selecionados para o 24 Frame Future Film Fest (2025) em Modena, Itália. Teve dois trabalhos escolhidos para o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica em 2024, “Transbólide” e “O que faço é música”. A videoarte “Natureza” em 2025 foi selecionado para o festival Lift-Off Global Network na Inglaterra e para a exposição Morphos em Veneza. Em 2024 e 2025, além de “Aion” foi curador das exposições e projetos com Franklin Cassaro “Paisagens artificiais”, “Natureza artificial”, “Desenho cego” e “Maracatu intergaláctico” (também com Suely Farhi); a coletiva com diversos aristas baseada na obra Neuromancer; e uma exposição de colagens com Regina Pouchan. Teve uma obra selecionada para a capa do site do CCBB Brasília, “Máscara futurista”, e o modelo “Pencil Morph” foi promovido no site Civitai. Alguns trabalhos participaram em coletivas como “Caranguejo Robô” na Galeria Poste em Niterói e “Passarinho na cabeça” na exposição “Longevidade”. Em 2025, o festival Neuro Masters (Moscow, Rússia) selecionou para exibição as seguintes videoartes: Burn, Natureza, Aion, Nanovideo Antropozoide e Caranguejo Robô.

- No final da década de 1990, começou a desenvolver trabalhos com animações em flash e suas ampliações através do javascript. Os recursos tecnológicos disponíveis com essas ferramentas, lhe permitiram criar obras que se aproximam tanto do design como da arte. Nesse contexto, temos os Cinepoemas (2006 e 2023) junto ao escritor Fernando Gerheim, animações sobre tipografias para Magnetic Records, sites animados baseados em obras artísticas (sobre quadro de Malevitch, por exemplo), sites com animações para o Ziraldo (site Eternet), animações diversas para Alexandre Perlingeiro (Dakshina Tantra Yoga), animações para o texto do designer Luli Radfahrer (Cyberparnasianismo) e animações sobre quadros de histórias em quadrinhos.

- Em 2023, começou a utilizar recursos de geração de imagem e imagens em sequência para criação de vídeos através do Stable Diffusion Deforum instalado no notebook da Google Colab ou SD simples no Automatic 1111, Runaway Gen 2.0, Leonardo AI, Seaart com ControlNet e Wombo Dream.

- Sua tese de doutorado em arte “Exprimíveis, sensações e expressividades nos quadrinhos do fim do Mundo” se utiliza de alguns conceitos que Gilles Deleuze utilizou em Cinema 2: Imagem-tempo, como imagem-cristal e imagem ótica pura; e em Cinema 1: Imagem-movimento, como a linha setentrional. Trabalha também com outros conceitos próprios do cinema, como o plano-sequência, aborda a estética do cinema expressionista alemão, relações entre quadrinhos, videogame e cinema; relações entre cinema, futurismo e surrealismo na imagem-sonho; eventos entre os quadros dos quadrinhos e Michelangelo Antonioni; e comparações teóricas entre a disnarrativa no cinema e nos quadrinhos.

- Em seu artigo “Jogos de faz de conta simulados: realidade e ficção nos quadrinhos”, temos a utilização de conceitos do cinema de Epstein, Pasolini e Jean Rouch para pensar os quadrinhos. Em seu artigo “Estética da violência nos quadrinhos”, temos discussões sobre o cinema mudo e as adaptações de super-heróis dos quadrinhos para o cinema. Em seu artigo “Grotesco nos quadrinhos: considerações sobre um viés bakhtiniano”, temos a exposição das paródias do cinema realizadas pela Revista Mad e a experimentação gráfica do cinema prevista nos quadrinhos. Em seu livro “O Quadro nos quadrinhos”, temos comparações entre o enquadramento dos quadrinhos e da prática cinematográfica. Em seu artigo “Milo Manara: Uma aventura no mundo do erotismo”, temos análises do trabalho conjunto entre Frederico Fellini e Milo Manara. Em seu artigo “Ontologia da arte (de massa) dos quadrinhos”, temos uma análise de certos aspectos da transposição dos quadrinhos para o cinema.


Fabio Bola has a PhD in art from UERJ, a post-doctorate in art from UFRJ, a master's degree in design from PUC-Rio and a degree in web design. He also has a PhD and a degree in philosophy (UFRJ and UERJ). He has been developing a diverse range of work, including audiovisual. See several projects on Behance: https://www.behance.net/magneticstudiobr

- Since 2024, he has been producing new productions and curating various works in art, video art and integrated arts, in exhibitions such as “Aion”, “Artificial Landscapes”, “Anthropozoid Nanovideo”, “What I Do is Music”, “Transbólide”, “Artificial Nature”, “Blind Drawing”, “Natureza” etc. with Fernando Gerheim, Alex Hamburger and Franklin Cassaro. He won the award for best video art for “Aion”, through the public's choice at MFL 2024, with exhibitions at CCBB RJ, SP and Brasília and Estação Net Botafogo RJ. He was selected in a public notice for the exhibition “Aion” at the Piccola Arena in Petrópolis in 2025 with Alex Hamburger and Tchello d’Barros. He had two video arts, “Burn” and “Caranguejo Robô” (with Franklin Cassaro) selected for the 24 Frame Future Film Fest (2025) in Modena, Italy. He had two works selected for the Hélio Oiticica Municipal Art Center in 2024, “Transbólide” and “O que faço é música”. The video art “Natureza” (Nature) was selected in 2025 for the Lift-Off Global Network festival in England and for the Morphos exhibition in Venice. In 2024 and 2025, in addition to “Aion”, he curated the exhibitions and projects with Franklin Cassaro “Paisagens artesanals”, “Natureza artificial”, “Desenho cego” and “Maracatu intergaláctico” (also with Suely Farhi); the group show with several artists based on the work Neuromancer; and a collage exhibition with Regina Pouchan. He had a work selected for the cover of the CCBB Brasília website, “Máscara futuro” (Futuristic Mask), and the model “Pencil Morph” was promoted on the Civitai website. Some works participated in group shows such as “Caranguejo Robô” (Robot Carb) at Galeria Poste in Niterói and “Passarinho na cabeça” (Little Bird in the Head) in the exhibition “Longevidade” (Longevity). In 2025, the Neuro Masters festival (Moscow, Russia) selected the following video arts for screening: Burn, Natureza, Aion, Nanovideo Antropozoide and Crab Robot.

- In the late 1990s, he began developing work with flash animations and their expansions through JavaScript. The technological resources available with these tools have allowed him to create works that are close to both design and art. In this context, we have Cinepoemas (2006 and 2023) with the writer Fernando Gerheim, animations on typography for Magnetic Records, animated websites based on artistic works (on a painting by Malevich, for example), websites with animations for Ziraldo (Eternet website), various animations for Alexandre Perlingeiro (Dakshina Tantra Yoga), animations for the text of designer Luli Radfahrer (Cyberparnasianismo) and animations on comic strips. - Recently, at the end of the 2010s, he began to develop educational videos for music classes, with scores that move in parallel with the musical sequence and with the action of the hands playing the pieces on the piano. For music, he also began to develop music videos mixing real images and animation for the Hipecirco and Fabio Bola X projects. - In 2023, he began to use image generation and sequence images to create videos through the Stable Diffusion Deforum installed on the Google Colab notebook or simple SD in Automatic 1111, Runaway Gen 2.0, Leonardo AI, Seaart with ControlNet and Wombo Dream. - He is co-author of the book Philosophy of art, which has a specific space for audiovisual (cinema); and of the chapter “Beyond formalism”, which discusses cinema, phenomenology and Jean Luc Godard. - His doctoral thesis in art “Expressibles, sensations and expressivities in the comics of the end of the World” uses some concepts that Gilles Deleuze used in Cinema 2: Image-time, as crystal image and pure optical image; and in Cinema 1: Image-movement, as the northern line. He also works with other concepts specific to cinema, such as the sequence shot, and addresses the aesthetics of German expressionist cinema, the relationships between comics, video games and cinema; the relationships between cinema, futurism and surrealism in the dream image; events between comic book frames and Michelangelo Antonioni; and theoretical comparisons between the dysnarrative in cinema and comics.

- In his article “Simulated make-believe games: reality and fiction in comics”, we use concepts from the cinema of Epstein, Pasolini and Jean Rouch to think about comics. In his article “Aesthetics of violence in comics”, we discuss silent cinema and the adaptations of superheroes from comics to cinema. In his article “Grotesque in comics: considerations on a Bakhtinian bias”, we expose the parodies of cinema produced by Mad Magazine and the graphic experimentation of cinema foreseen in comics. - In his book “The Frame in Comics”, we have comparisons between the framing of comics and cinematographic practice.- In his article “Milo Manara: An Adventure in the World of Eroticism”, we have analyses of the joint work between Frederico Fellini and Milo Manara. In his article “Ontology of (Mass) Art in Comics”, we have an analysis of certain aspects of the transposition of comics to cinema.

Realization

5D Logo 600x600_02.png
Artboard 2 copy 3-100.jpg

Realization

MAM Cinematheque_PB.png
ccjf_pb.jpg.jpg

Support

Logo - JL Ribas-01 - JPG.jpg
Logo Cavídeo transp black.png
pancinema_logo_horizontal_preto.png
Artboard 4 copy 3.png
bottom of page